O Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes (IECCPMA) está a desenvolver, com o alto patrocínio da Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura e parceria da ADEGI, um projeto de investigação e de desenvolvimento científico em torno da épica insular, liderado pelos Professores José Eduardo Franco, Cristina Trindade, Luísa Antunes Paolinelli e Martinho Soares e que reúne uma vasta equipa, num criterioso trabalho de investigação e de edição que conta publicar a obra completa das epopeias madeirenses, em 11 volumes, numa edição criticamente anotada das epopeias do ciclo épico madeirense: Insulana, de Manuel Tomás, Zargueida, Georgeida e Nova Lusíada, de Medina e Vasconcelos, A padeira de Aljubarrota, Perodana ou o Conciliábulo dos Periódicos e O Charlatanismo ou o Congresso Abolido, de José Anselmo Correia Henriques, Guianeida, por uma Sociedade de Sábios, um manuscrito nunca antes publicado, Lusa Epopeia, de Quirino de Jesus, Além-Mar, de Cabral do Nascimento e Heleneida, de Miguel M. O. de Vasconcelos, outro texto inédito.
Estas obras têm a particularidade de terem sido realizadas por madeirenses e muitas delas terem influenciado a literatura insular, em particular, e a literatura portuguesa, em geral. Na introdução geral da obra será possível ler que, na Madeira, “não é difícil o épico se desenvolver numa perceção da história marcada por obstáculos, sacrifícios, sobrepujamento, com uma especial relação com o transcendente como adjuvante da saga humana face às adversidades. Daí que da Insulana à obra de Quirino de Jesus, já na segunda década do século XX, se encontre uma ligação feita de reminiscências e citações, origens em discursos anteriores, num pulsar interior livre”.
Segundo os coordenadores da obra, as epopeias caracterizam-se pela “dimensão nacional, projetam a memória e as aspirações de um determinado grupo-povo-nação”. Na tradição do épico-cómico, da qual temos diversos exemplos que irão integrar estas obras completas, o olhar humorístico também ajuda à construção de uma imagem da história que se pretende atuante no presente.
Epopeias Madeirenses
- Insulana, de Manuel Tomás, Antuérpia, 1635
- Zargueida, de Francisco de Paula Medina e Vasconcelos, Lisboa, 1806
- Georgeida, de Francisco de Paula Medina e Vasconcelos, Londres, 1819
- Nova Lusíada, de Francisco de Paula Medina e Vasconcelos, escrita em 1823/24
- A Padeira de Aljubarrota, de José Anselmo Correia Henriques, Hamburgo, 1806
- Perodana ou o Conciliábulo dos Periódicos, de José Anselmo Correia Henriques, Veneza, 1819
- O Charlatanismo ou o Congresso Abolido, de José Anselmo Correia Henriques
- Guyaneida, da Sociedade de Sábios, membros da Academia dos Analfabetos, escrita em 1869
- Lusa Epopeia, de Quirino de Jesus, Lisboa, 1921
- Além-Mar, de Cabral do Nascimento, escrita em 1916 e publicada em 1917
- Heleneida, de Miguel M. O. de Vasconcelos, escrita em 1882
Está em preparação o primeiro volume das Epopeias Madeirenses
A publicar brevemente
No ano em que se assinala dos 600 anos do início do povoamento do Arquipélago da Madeira, conheceremos o primeiro volume das Epopeias Madeirenses. Obras Completas: Insulana, escrita por Manuel Tomás, a primeira epopeia que integra este projeto, que foi publicada em Antuérpia, em 1635. Esta obra é composta por dez livros ou cantos em oitava rima, versos decassilábicos, num total de 1462 estrofes, número variável entre o mínimo de 125, no canto I, e o máximo de 204, no canto IX. Concebida para celebrar o descobrimento da Ilha da Madeira, e o herói da façanha, o navegador e descobridor João Gonçalves Zargo, é dedicada a D. João Gonçalves da Câmara, Conde da Vila Nova da Calheta. A obra conheceu apenas uma edição, tendo tido a tiragem em dois locais distintos, alguns exemplares saíram em Antuérpia outros em Ruão, mas todos com a data de 1635.
Esta edição crítica terá um grande aparato de notas e um glossário que ajudará o leitor na descoberta do texto. Seguir-se-á Zargueida, que terá como coordenador científico o Professor José Seabra Pereira, da Universidade de Coimbra. Este projeto trará também a público textos pouco conhecidos e que certamente farão deste projeto uma obra de reconhecido interesse público da Região.