Foi lançado esta segunda-feira, dia 31 de março, no palco principal da Feira do Livro do Funchal, a reedição anotada de Cartas duma Vagabunda, de Luzia. Um livro que contou com o alto patrocínio do Município do Funchal.

Este livro constitui o volume 5, da Coleção Bússola, publicada pelas Edições Esgotadas e organizada pela ADEGI, pelas Professoras Luísa Paolinelli e Cristina Trindade, juntamente com a sua equipa de investigadores. A apresentação esteve a cargo do Professor José Eduardo Franco e de Francisco Lobo Faria.
Cartas d’uma Vagabunda é publicado em Lisboa, pela Portugália Editora, sem referência à data de publicação. A partir de artigos publicados nos periódicos da época que testemunham a receção da obra no meio jornalístico (A Choldra, N.º 9, 27 de março de 1926, pp. 9-10; O Domingo Ilustrado, Ano II, n.º 64, 4 de abril de 1926, p. 9; O Domingo Ilustrado, Ano II, n.º 65, 11 de abril de 1926; Diário de Lisboa, Ano VI, n.º 1545, 21 de abril de 1926, p. 3), e que se incluem no final deste volume, é possível datar a edição de 1926. O conjunto das cartas que Luzia organiza em obra corresponde à primeira metade da década de 20 de novecentos, sendo a primeira datada pela autora de “22 de dezembro de 192…”. Quando possível, através da menção no texto à edição de livros, espetáculos a que assiste e eventos que a autora menciona, identifica-se, em nota de rodapé, o ano a que uma carta em particular pertence, possibilitando, assim, ao leitor situar-se no tempo e seguir, cronologicamente, a escrita das cartas. O mesmo acontece com os diversos destinatários das cartas: quando é viável uma hipótese de identificação do recetor, a informação é incluída na nota de rodapé.
Luísa Paolinelli e Cristina Trindade
A obra Cartas de Uma Vagabunda encerra liberdades várias que, inequivocamente, aportam para a afirmação literária de Luzia, nome de uma autora que nem a doença nem a cegueira impediram de continuar a escrever, pseudónimo de uma mulher que escreve rente à biografia, no abismo da vida, permitindo-nos vislumbrar aquilo que, a partir do final do século XX, João Brites chama “personagem intermédia”.
Cátia Terrinca e Ricardo Boléo (Associação Cultural Um Coletivo)
Fascinou-me observar como o livro é pontuado por uma crítica literária destemida. Mais, Luzia faz incidir a pena frequentemente sobre os saraus literários e intelectuais, que descreve com uma crueza quase desarmante – não tem medo de dizer o que pensa. A coragem de afirmar o pensamento é rara, em qualquer época, ela fá-lo em pleno Estado Novo.
Judite Canha Fernandes








Ficha Técnica
- Ano | 2025
- Coleção | Bússola n.º 5
- Coordenação Geral | Ana Cristina Trindade e Luísa Paolinelli
- Prefácio | Cátia Vieira Pestana e Vítor Paulo Teixeira
- Transcrição e Fixação de Texto | Cátia Vieira Pestana e Lúcia Cristina della Torre
- Notas e Revisão | Luísa Antunes Paolinelli, Ana Cristina Trindade, Cátia Vieira Pestana e Vítor Paulo Teixeira
- Revisão de Texto | Ana Maria Oliveira, Edições Esgotadas, Lda
- Edição | Edições Esgotadas, Lda