Florival Hermenegildo de Passos (1915-1989), natural do Funchal, foi um poeta e intelectual reconhecido pelo meio literário da sua época. Arquivista e bibliotecário da biblioteca municipal da Câmara municipal do Funchal, é esta que deixa grande parte do seu espólio, constituído por diversos cadernos e documentos que constituem um conjunto valioso para a compreensão do século XX na Madeira. Nascido numa família ligada à cultura e às letras, começa desde muito jovem a colaborar com a imprensa madeirense, publicando ao longo da vida em diversos periódicos regionais e nacionais. Ao seu primeiro livro de poesia, Para Além, de 1940, seguiram-se Poemas do meu Pecado (1943), Alpendre Sonetos de Amor (1946), Dentro meu Silêncio (1947)  e Reflexo (1952), Último livro que irá editar. Sempre muito envolvido na vida literária do Funchal, fez parte da “tertúlia ritziana”, constituída por diversos poetas e escritores, como Carlos Cristóvão, Herberto Hélder e António Aragão, entre outros, da qual nasce, em 1952, o volume coletivo Arquipélago, que marcou estreia de Herberto Hélder. Depois da colaboração neste volume, Florival de Passos abandona aos poucos a vida pública literária, mas nunca o labor artístico e cultural.

É na “sua” Biblioteca Municipal que se encontram os originais das peças inéditas que constituem o presente volume IV, da Coleção Baltazar Dias. Desconhecido como dramaturgo, por que sempre manteve os seus livros escondidos no canto da estante, Florival de Passos entende o teatro como forma privilegiada de dar a conhecer a Humanidade aos homens, no que tem de mais elevado, mas também no que apresenta de mais mesquinho. Consciente de uma sociedade em mudança, o autor cria peças em que as temáticas eram revolucionárias para a época salazarista, defendendo o papel independente da mulher, a justiça nas relações sociais e de trabalho e a igualdade dos homens.

 

A Colecção Baltazar Dias surgiu integrada nas celebrações dos 130 anos do Teatro Municipal Baltazar Dias. Após a publicação dos volumes dedicados a Baltazar Dias, Eugénia Rego Pereira e  João de Nóbrega Soares, honramos o autor Florival de Passos, cujas peças se mantiveram inéditas até hoje. Para este volume, foi imprescindível a colaboração da Biblioteca Municipal do Funchal, a qual o intelectual deixou o seu espólio.

Esta coleção resulta de uma parceria entre o Teatro Municipal Baltazar Dias e o núcleo de investigadores do CLEPUL, da Universidade da Madeira, a ADEGI e a Biblioteca Municipal do Funchal.

 

Ver também: https://adegi.pt/2023/05/12/adegi-lanca-o-volume-iv-da-colecao-baltazar-dias/